terça-feira, 29 de novembro de 2011

Apresentação: Metodologia Didáctica Geral e Específica

Apresentação:
Metodologia Didáctica Geral e Específica

Discentes:

Alcina Rodrigues

Jacinta Estrela

Teresa Almeida

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Declaração de Salamanca

Declaração de Salamanca

Como resultado da Conferência Mundial sobre Necessidades Educacionais Especiais, realizada entre 7 e 10 de junho de 1994, na cidade espanhola de Salamanca, a Declaração de Salamanca trata de princípios, políticas e práticas na área das necessidades educativas especiais.
A inclusão de crianças, jovens e adultos com necessidades educacionais especiais dentro do sistema regular de ensino é a questão central, sobre a qual a Declaração de Salamanca discorre.
Na introdução, a Declaração aborda os Direitos humanos e a Declaração Mundial sobre a Educação para Todos e aponta os princípios de uma educação especial e de uma pedagogia centrada na criança. Em seguida apresenta propostas, direções e recomendações da Estrutura de Ação em Educação Especial, um novo pensar em educação especial, com orientações para ações em nível nacional e em níveis regionais e internacionais. As orientações e sugestões para ações em nível nacional são organizadas nos seguintes subitens:
  • A. Política e Organização
  • B. Fatores Relativos à Escola
  • C. Recrutamento e Treinamento de Educadores
  • D. Serviços Externos de Apoio
  • E. Áreas Prioritárias
  • F. Perspectivas Comunitárias
  • G. Requerimentos Relativos a Recursos
Pode-se dizer que o conjunto de recomendações e propostas da Declaração de Salamanca, é guiado pelos seguintes princípios:
  • Independente das diferenças individuais, a educação é direito de todos;
  • Toda criança que possui dificuldade de aprendizagem pode ser considerada com necessidades educativas especiais;
  • A escola deve adaptar–se às especificidades dos alunos, e não os alunos as especificidades da escola;
  • O ensino deve ser diversificado e realizado num espaço comum a todas as crianças.
A Conferência Mundial sobre Necessidades Educacionais Especiais foi promovida pelo governo espanhol em colaboração com a Unesco. A Declaração de Salamanca repercutiu de forma significativa, sendo incorporada as políticas educacionais brasileiras.
Referências:
FONTES, Carlos. Educação Inclusiva: Algumas Questões Prévias. Disponível em: <http://www.educacionenvalores.org/Educacao-Inclusiva-Algumas.html> Acesso em: 23 dez. 2009.
UNESCO. Declaração de Salamanca. Sobre Princípios, Políticas e Práticas na Área das Necessidades Educativas Especiais. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf> Acesso em: 23 dez. 2009.

Sitografia:

CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL (CIF)


F)::..A nova publicação da Organização Mundial da Saúde (OMS) que classifica o funcionamento, a saúde e a deficiência do ser humano a nível mundial, põe em causa as ideias tradicionais sobre a saúde e a deficiência. A CIF (Classificação Internacional do funcionamento, da deficiência e da saúde) foi aceite por 191 países como a nova norma internacional para descrever e avaliar a saúde e a deficiência.
   Aplicando a CIF, a OMS estima que cada ano se perdem 500 milhões de anos de vida em boa saúde devido às deficiências associadas a problemas de saúde. Isto representa mais de metade dos anos perdidos devido a mortes prematuras. A CIF proporciona um instrumento comum para quantificar este grave problema.
   Enquanto os indicadores tradicionais se baseiam em taxas de mortalidade da população, a CIF focaliza o seu interesse no conceito "vida", considerando a forma como as pessoas vivem os seus problemas de saúde e como estas podem melhorar as suas condições de vida para que consigam ter uma existência produtiva e enriquecedora. Isto tem implicações sobre a prática da medicina, sobre a legislação e políticas sociais destinadas a melhorar o acesso aos cuidados de saúde, bem como à protecção dos direitos individuais e colectivos.
   A CIF transforma a nossa visão da deficiência que não é mais o problema de um grupo minoritário e não se limita unicamente às pessoas com deficiência visível ou em cadeiras de rodas. Por exemplo, uma pessoa afectada por HIV/ Sida pode ficar incapacitada em termos de oportunidades de participação activa na sua profissão. Neste caso a CIF apresenta diferentes perspectivas para direccionar medidas pertinentes visando a possibilidade dessa pessoa continuar integrada na vida activa e participar plenamente na vida da comunidade.
   A CIF toma em consideração os aspectos sociais da deficiência e propõe um mecanismo para estabelecer o impacto do ambiente social e físico sobre o funcionamento da pessoa. Por exemplo, quando uma pessoa com uma deficiência grave tem dificuldade em trabalhar num determinado edifício porque não existem rampas ou elevadores, a CIF identifica as prioridades de intervenção, o que supõe neste caso que esse edifício possua essas acessibilidades, em vez dessa pessoa se sentir obrigada a desistir do seu emprego.
   A CIF coloca todas as doenças e problemas de saúde em pé de igualdade, sejam quais forem as suas causas. Uma pessoa pode não ir trabalhar devido a uma gripe ou uma angina de peito, mas também por causa de uma depressão. Esta aproximação neutra colocou as perturbações mentais ao mesmo nível das patologias físicas e contribuiu para reconhecer e estabelecer a carga mundial de morbilidade associada aos problemas depressivos, que representam actualmente a causa principal de anos de vida perdidos em razão das incapacidades.
   A CIF resulta de um esforço de 7 anos de um trabalho no qual participaram activamente 65 países. Foram empreendidos rigorosos estudos científicos de forma a que a CIF se possa aplicar independentemente da cultura, grupo etário ou sexo de modo a tornar possível a recolha de dados fiáveis e susceptíveis de comparação, relativamente aos critérios de saúde dos indivíduos e das populações. Actualmente a OMS está a realizar inquéritos em todo o mundo para recolher os dados baseados na CIF.
OBJECTIVOS DA CIF
   A CIF é uma classificação desenvolvida com o duplo propósito de utilização em várias disciplinas e em diferentes sectores. Os seus objectivos específicos são os seguintes:
  • Apresentar uma base científica para a compreensão e o estudo da saúde e dos estados com ela relacionados, bem como os resultados e as determinantes;
  • Estabelecer uma linguagem comum para descrever a saúde e os estados com ela relacionados, para melhorar a comunicação entre os diferentes utilizadores, tais como profissionais de saúde, investigadores, legisladores de políticas de saúde e a população em geral, incluindo as pessoas com deficiência;
  • Permitir a comparação dos dados entre países, entre as disciplinas de saúde, entre os serviços, e em diferentes momentos ao longo do tempo;
  • Proporcionar um esquema de codificação sistematizado de forma a ser aplicado nos sistemas de informação da saúde.
   Estes objectivos encontram-se interligados entre si, , uma vez que a necessidade e a utilização da CIF requer a construção de um sistema relevante e útil que possa aplicar-se em âmbitos distintos: na política de saúde, na avaliação da qualidade da assistência e avaliação das consequências em diferentes culturas.
APLICAÇÕES DA CIF
   Desde a sua publicação como versão experimental em 1980, a CIDDM tem sido utilizada para diferentes finalidades, por exemplo
  • Como ferramenta estatística - na recolha e registo de dados (ex. em pesquisas e estudos da população ou em sistemas de tratamento de informação);
  • Como ferramenta de investigação - para medir resultados, qualidade de vida ou factores ambientais;
  • Como ferramenta clínica - na valoração de necessidades, para homogeneizar tratamentos com condições específicas de saúde, na valoração vocacional, na reabilitação e na avaliação de resultados;
  • Como instrumento de política social - no planeamento de sistemas de segurança social, sistemas de compensação, e para conceber e implementar políticas;
  • Como instrumento educativo - para estruturar o "currículo" e de forma a aumentar a consciencialização da sociedade e desenvolver actividades sociais.
   Dado que a CIF é intrinsecamente uma classificação da saúde e dos aspectos "relacionados com a saúde", também se utiliza noutros sectores como as companhias de seguros, a segurança social, o sistema laboral, a educação, a economia, a política social, no desenvolvimento de legislação e nas modificações ambientais. Foi aceite como uma das classificações sociais das Nações Unidas e incorpora as Regras Gerais sobre a Igualdade de Oportunidades para Pessoas com Deficiência (*). Como tal, a CIF oferece-nos um instrumento apropriado para implementar as normas internacionais relativas aos direitos humanos, assim como as legislações nacionais.
   A CIF dispõe de um amplo leque de aplicações, como por exemplo, na segurança social, na avaliação dos cuidados de saúde e em estudos demográficos de âmbito local, nacional e internacional. Constitui também um marco de referência conceptual para a informação que é aplicável aos cuidados de saúde individuais, incluindo a prevenção, a promoção da saúde e a melhoria da participação, eliminando ou mitigando os obstáculos de índole social e promovendo o desenvolvimento de suportes sociais e de elementos facilitadores. É também relevante para o estudo dos sistemas de prestação de cuidados de saúde, tanto para a formulação como para a avaliação de políticas.
Comunicado de imprensa da OMS
15 de Novembro de 2001
   * As Regras Gerais sobre a Igualdade de Oportunidades para as Pessoas com Deficiência. Adoptadas pela Assembleia Geral das Nações Unidas na sua 48ª Sessão em 20 de Dezembro de 1993 (Resolução 48/96). Nova Iorque, NY, Departamento da Informação Pública das Nações Unidas, 1994.

Sitografia:

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

A importância da organização do Espaço no Jardim de Infância

A Importância da organização do Espaço no Jardim de Infância
Ou não fosse eu educadora para falar nestas coisas.  Perdoem-me aqueles que estão fartos de nos ouvir falar das nossas crianças, dos nossos meninos, mas parece-me importante dar um cheirinho da forma com se organiza o espaço no Jardim de Infância e o que ele proporciona para o desenvolvimento das crianças. Apesar de a rede pública já existir há 30 anos, ainda há desconhecimento por parte da maioria da população continuando-se a pensar que o Jardim de Infância é um local de guarda, onde as crianças brincam felizes e há lá umas educadoras que têm muito jeitinho para fazer coisas bonitas. Esquecem-se que essas educadoras tiveram de tirar um curso, que até é superior, e por isso deve haver mais alguma coisa por detrás do que elas ou eles (também há educadores homens felizmente) fazem quando parece que estão a brincar com os meninos. Também se esquecem que é na primeira infância que as crianças mais aprendem e estão mais receptivas, que a sua personalidade se forma, que adquirem valores para o resto da vida.   Conhecem o escritor Robert Fulghum? Escreveu um livro com o título "Tudo o que eu devia saber na vida aprendi no Jardim de Infância" publicado em Março de 1992 pelo Círculo de Leitores. Este livro mostra bem a importância que o jardim-de-infância tem para as crianças.
Se forem à vossa memória, a longo prazo, certamente se vão lembrar de muitas coisas da infância que vos marcaram e vos fizeram crescer e ser as pessoas que hoje são enquanto aquilo que é mais recente, embora possa contribuir para o nosso enriquecimento, não é o que valorizamos mais.


A Importância da organização do Espaço no Jardim de Infância

Área" é um termo habitual na educação pré-escolar para designar formas de pensar e organizar a intervenção do educador e as experiências proporcionadas às crianças.
As áreas de conteúdo supõem a realização de actividades, dado que a criança aprende a partir da exploração do mundo que a rodeia. Se a criança aprende a partir de acção, as áreas de conteúdo são mais do que áreas de actividades pois implicam que a acção seja de descobrir relações consigo própria, com os outros e com os objectos, o que significa pensar e compreender.  

A organização  do espaço, no jardim-de-infância, reflecte as intenções educativas do educador pelo que  os contextos devem ser adequados para promover aprendizagens significativas,  alegria, o gosto de estar no jardim e que potenciam o desenvolvimento integrado das crianças que neles vão passar grande parte do seu tempo.
As áreas ou os espaços criados na sala do Jardim de Infância não são estanques. Pode-se e deve-se criar novas áreas indo ao encontro do interesse do grupo de crianças, mediante os projectos que se estiverem a desenvolver. As mudanças são feitas com o grupo. Desta forma familiarizam-se com o espaço e participam no processo de organização.

“O conhecimento não prove, nem dos objectos, nem da criança, mas sim das interacções entre a criança e os objectos”. - Jean Piaget

Área do Acolhimento

É um local de reunião, onde todos se sentam em roda para partilhar vivências, contar histórias, cantar, realizar alguns jogos, sendo este também o local onde programamos todo o trabalho que pretendemos realizar ao longo do dia, planifica-se com o grupo, preenchem-se os quadros de gestão do grupo, fazem-se avaliações através de registos gráficos e outros. Não é um espaço exclusivo do acolhimento, visto ser também um espaço que as crianças utilizam nas actividades de trabalho autónomo.
                                         
                                      

Área do Jogo Simbólico

Esta área inclui a “casinha das bonecas”, a “arca das trapalhadas e os fantoches. As crianças podem fazer dramatizações, fantoches, teatro se sombras, histórias, brincadeiras de imitação dos modelos familiares…
  
 
      
             
Área da Biblioteca

Nesta área a criança manuseia livros, inventa histórias, “lê” histórias, conta histórias, manuseia ficheiros de imagens, enciclopédias, revistas, fotografias...



Área da Expressão Plástica 

Nesta área a criança experimenta vários materiais e suportes, realiza artefactos com materiais reutilizáveis, realiza colagens, pinturas, desenhos com variadas técnicas, manuseia tesouras, agulhas, colas, experimenta e treina noções de espaço relativos ao suporte que nele se inscreve


Área dos jogos e construções

Nesta área a criança experimenta construções a três dimensões; Faz actividades de iniciação à matemática que implicam comparações e seriações, sequências, alternâncias, tamanhos, peso, forma, cor; Experimenta materiais que promovem noções de lateralidade; Faz actividades de experimentação de noções espaciais como: puzzles, construções, pistas de carros

Área da escrita

Nesta área a criança tem contacto com o código escrito de uma forma informal. Brinca com letras, copia-as, faz tentativas de escrita, imita a escrita e a leitura, familiariza-se com o código escrito, percebe que há uma forma de comunicar diferente da linguagem oral, percebe as funções da escrita
Não se trata de uma introdução formal e “clássica” à leitura e escrita, mas de facilitar a emergência da linguagem escrita.

Área da matemática

Esta área está interligada especialmente com a área dos jogos onde a criança, podendo ser criada separada em função dos interesses do grupo.
Área das novas tecnologias
 
                         

Nesta área a criança usa o computador para jogar jogos didácticos com diversos temas para o seu desenvolvimento. O código informático pode ser utilizado em expressão plástica e expressão musical, na abordagem ao código escrito e na matemática.


Recreio exterior
                                      
Nesta área a criança brinca livremente; Faz actividades de motricidade; Faz exploração do espaço; Interage com outros



E assim actividades lúdicas e actividades expressivas se entretecem e entrelaçam para um pleno desenvolvimento da personalidade infantil”.
(M.E. Perspectivas de Educação em Jardins de Infância; s/d, p. 20.)  



Sitografia:

Jezabelcoutinho.blogs.sapo.pt/454.html

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

O Crescimento da Criança Segundo Piaget
Índice
I Introdução
   Quem foi Jean Piaget
   O que se entende por estádios de desenvolvimento
   Estádios de desenvolvimento:
   -  Estádio sensório - motor
   -  Estádio pré - operatório
   -  Estádio das operações concretas
   -  Estádio das operações formais
  Como se efectua a passagem ao estádio seguinte
 Conclusão
   Bibliografia

  
Introdução
   No âmbito da disciplina de Psicologia foi- nos proposto a realização de um trabalho - Os estádios de desenvolvimento segundo Piaget.
  Neste trabalho, tentarei dar resposta às seguintes questões: "Quem foi Jean Piaget" e "O que se entende por estádios de desenvolvimento".
  Abordarei, de seguida, os quatro estádios de desenvolvimento:
o       Estádio sensório motor (dos 0 aos 18/24 meses)
o       Estádio pré operatório (dos 2 aos 7 anos )
o       Estádio das operações concretas ( dos 7 aos 11/12 anos)
o       Estádio das operações formais ( dos 11/12 aos 15/16 anos)
  Com este trabalho pretendo alcançar os objectivos propostos.

Quem foi Jean Piaget
   Jean Piaget (1896-1980) foi um psicólogo e filósofo suíço, conhecido pelo seu trabalho pioneiro no campo da inteligência infantil. Piaget passou grande parte de sua carreira profissional interagindo com crianças e estudando o seu processo de raciocínio. Os seus estudos tiveram um grande impacto sobre os campos da Psicologia e Pedagogia.

O que se entende por estádios de desenvolvimento
   A noção de estádio é, de certo modo, artificial e surge como instrumento de análise, indispensável para a explicação dos processos e das características que se vão formando ao longo do desenvolvimento da criança.
   A criança, à medida que evolui vai-se ajustando à realidade circundante, e superando de modo cada vez mais eficaz, as múltiplas situações com que se confronta.
   Se uma criança de 3 anos resolve determinado problema, suscitado pelo meio, que não conseguia aos 2 anos, é porque possui, a partir de agora uma determinada estrutura mental diferente da anterior e, de certo modo, superior, porque lhe permite resolver novos problemas e ajustar- se à situação.
   Os sucessivos ajustamentos da criança ao meio que se vão manifestando ao longo do seu desenvolvimento deve interpretar- se em função desses mesmos estádios.  
   Os vários psicólogos da criança não são unânimes no que se refere à sucessão dos estádios, na medida em que cada um os aplica como instrumentos da sua própria teoria explicativa.
   Piaget refere-se a estádios não numa perspectiva global, mas cada estádio não comportando todas as funções: mentais, fisiológicas, sociais e afectivas, mas somente funções específicas. Assim considera a existência de estádios diferentes relativamente à inteligência, à linguagem e à percepção. Piaget refere que a aceitação da noção de estádio exige determinados pressupostos, tais como:
 -Carácter integrado de cada estádio. As estruturas construídas e específicas de determinada idade da criança tornam-se se parte integrante da estrutura da idade seguinte;
 -Estrutura do conjunto. Os elementos constituintes de determinado estádio estão intimamente ligados entre si e contribuem conjuntamente para caracterizar determinada conduta;
 -Todo o estádio tem um nível de preparação e um nível de consecução. O estádio não surge definido e acabado, mas evolui no sentido da sua superação.
 - As crianças podem iniciar e terminar determinado estádio em idades diferentes. O período estabelecido para delimitar os  estádios é médio.
   Os estádios de Piaget colocam a tónica na função intelectual do desenvolvimento. Ele não nega a existência e a importância de outras funções, mas delimita e especifica o campo da sua investigação ao domínio da epistemologia genética.
   A psicologia da criança, em Piaget, quase se identifica com uma psicologia da inteligência.



Estádios de desenvolvimento
   Cada estádio é definido por diferentes formas do pensamento. A criança deve atravessar cada estádio segundo uma sequência regular, ou seja, os estádios de desenvolvimento cognitivo são sequenciais. Se a criança não for estimulada / motivada na devida altura não conseguirá superar o atraso do seu desenvolvimento. Assim, torna-se necessário que em cada estádio a criança experiencie e tenha tempo suficiente para interiorizar a experiência antes de prosseguir para o estádio seguinte.    
  Normalmente, a criança não apresenta características de um único estádio, com excepção do sensório - motor, podendo reflectir certas tendências e formas do estádio anterior e / ou posterior, Ex. : uma criança que se encontre no estádio das operações concretas pode ter pensamentos e comportamentos característicos do pré-operatório e / ou algumas atitudes do estádio das operações formais.

Estádio sensório- motor (0 - 18/24 meses)
    A actividade cognitiva durante este estádio baseia-se, principalmente, na experiência imediata através dos sentidos em que há interacção com o meio, esta é uma actividade prática. Na ausência de linguagem para designar as experiências e assim recordar os acontecimentos e ideias, as crianças ficam limitadas à experiência imediata, e assim vêem e sentem o que está a acontecer, mas não têm forma de categorizar a sua experiência, assim, a experiência imediata durante este estádio, significa que quase não existe nada entre a criança e o meio, pois a organização mental da criança está em estado bruto, de tal forma que a qualidade da experiência raramente é significativa, assim, o que a criança aprende e a forma como o faz permanecerá como uma experiência imediata tão vivida como qualquer primeira experiência. A busca visual é um comportamento sensório-motor e é fundamental para o desenvolvimento mental, pois este tem que ser aprendido antes de um conceito muito importante designado por permanência do objecto. À medida que as crianças começam a evoluir intelectualmente compreendem que, quando um objecto desaparece de vista, continua a existir embora não o possam ver, pois ao saberem que esse desaparecimento é temporário, são libertas de uma incessante busca visual. A experiência de ver objectos nos primeiros meses de vida e, posteriormente, de ver os mesmos objectos desaparecer e aparecer tem um importante papel no desenvolvimento mental. Assim, podemos afirmar que a ausência de experiência visual durante o período crítico da aprendizagem sensório - motora, impede o desenvolvimento de estruturas mentais. Sendo durante este estádio que os bebés aprendem principalmente através dos sentidos e são fortemente afectados pelo ambiente imediato, mas contudo, sendo também neste estádio que a permanência do objecto se desenvolve, podemos então afirmar que, os bebés são capazes de algum pensamento representativo, muito semelhante ao do estádio seguinte, pois seria um erro afirmar que, sendo a sua fala, gestos e manipulações tão limitadas, não haveria pensamento durante o período sensório motor. “Nada substitui a experiência”, é uma boa síntese do período sensório motor do desenvolvimento cognitivo, pois é a qualidade da experiência durante este primeiro estádio que prepara a criança para passar para o estádio seguinte.
  
Estádio Pré-operatório (2 - 7 anos)
Este estádio também chamado pensamento intuitivo é fundamental para o desenvolvimento da criança. Apesar de ainda não conseguir efectuar operações, a criança já usa a inteligência e o pensamento. Este é organizado através do processo de assimilação, acomodação e adaptação.
Neste estádio a criança já é capaz de representar as suas vivências e a sua realidade, através de diferentes significantes:
- Jogo : Para Piaget o jogo mais importante é o jogo simbólico (só acontece neste período), neste jogo predomina a assimilação (Ex. : é o jogo do faz de conta, as crianças "brincam aos pais", "ás escolas", "aos médicos", ...). o jogo de construções transforma-se em jogo simbólico com o predomínio da assimilação (Ex. : Lego - a criança diz que a sua construção é, por exemplo, uma casa. No entanto, para os adultos "é tudo menos uma casa").
Inicialmente (mais ao menos aos dois anos), a criança fala sozinha porque o seu pensamento ainda não está organizado, só com o decorrer deste período é que o começa a organizar, associando os acontecimentos com a linguagem na sua acção.
A criança ao jogar está a organizar e a conhecer o mundo, por outro lado, o jogo também funciona como "terapia" na libertação das suas angustias. Além disto, através do jogo também nos podemos aperceber da relação familiar da criança (Ex. : Quando a criança brinca com as bonecas pode mostrar a sua falta de amor por parte da mãe através da violência com que brinca com elas).
- Desenho : Até aos dois anos a criança só faz riscos, sem qualquer sentido, porque, para ela, o desenho não tem qualquer significado.
A criança, aos três anos já atribui significado ao desenho, fazendo riscos na horizontal, na vertical, espirais, círculos, no entanto, não dá nome ao que desenha. Tem uma imagem mental depois de criar o desenho. Mas aos quatro anos a criança já é mais criativa e começa a perceber os seus desenho  e projecta no desenho o que sente.
De um modo geral, podemos dizer que, neste estádio, o desenho representa a fase mais criativa e diversificada da criança.
A criança projecta nos seus desenhos a realidade que ela vive, não há realismo na cor, e também não há preocupação com os tamanhos. Nesta fase os desenhos começam a ser mais compreensíveis pelos adultos. A criança vai desenhar as coisas à sua maneira e segundo os seus esquemas de acção e não se preocupa  com o realismo. Também aqui a criança vai utilizar a assimilação.
- Linguagem : A linguagem, neste período, começa a ser muito egocêntrica, pouco socializada, ou seja, a linguagem está centrada na própria criança. Ela não consegue distinguir o ponto de vista próprio, do ponto de vista do outro e, por isso, revela uma certa confusão entre o pessoal e o social, o subjectivo e o objectivo. Este egocentrismo não significa egoísmo moral. Traduz, "por um lado, o primado da satisfação sobre a constatação objectiva... e, por outro, a deformação do real em função da acção e ponto de vista próprios. Nos dois casos, não tem consciência de si mesmo, sendo sobretudo uma indissociação entre o subjectivo e o objectivo...".Isto manifesta-se através dos monólogos e dos monólogos colectivos, (Ex. : quando num grupo de crianças estão todas a falar, dá a sensação que estão a conversar umas com as outras, mas não, estão sim todas a falarem sozinhas e ao mesmo tempo, ou seja, cada uma está no seu monólogo e assim manifesta o seu egocentrismo).
O termo egocentrismo, característica descritiva do pensamento pré-operatório, foi progressivamente sendo utilizado por Piaget, que o substitui pelo termo descentração.
A partir dos dois anos dá-se uma enorme evolução na linguagem, a título de exemplo, uma criança de dois anos compreende entre 200 a 300 palavras, enquanto que uma de cinco anos compreende 2000. Este aumento do número de vocábulos é favorecido pela forte motivação dos pais, ou seja, quanto mais forem estimulados (canções, jogos, histórias, etc.), melhor desenvolvem a sua linguagem. Neste estádio a criança aprende sobretudo de forma intuitiva, isto é, realiza livres associações, fantasias e atribui significados únicos e lógicos. Se atentarmos a uma experiência muito conhecida de Piaget em que é dado a uma criança dois copos de água com igual quantidade de líquido, embora um alto e estreito e outro baixo e largo, intuitivamente a criança escolhe o copo alto pois no seu entender este parece conter mais água.
- Imagem e pensamento: A imagem mental é o suporte para o pensamento. A criança possui imagens estáticas tendo dificuldade em dar-lhe dinamismo. O pensamento existe porque há imagem. É um pensamento egocêntrico porque há o predomínio da assimilação, é artificial. Na organização do mundo a criança dá explicações pouco lógicas.

   Entre os 2 e os 7 anos distinguem-se dois sub estádios: o do pensamento intuitivo e o do pensamento pré - conceptual. O pensamento intuitivo surge a partir dos 4 anos, permitindo que a criança resolva determinados problemas, mas este pensamento é irreversível, isto é, a criança está sujeita às configurações preceptivas sem compreender a diferença entre as transformações reais e aparentes. No pensamento pré - conceptual domina um pensamento mágico, onde os desejos se tornam realidade e que possui também as seguintes características:   
    Animismo - A criança vai dar características humanas a seres inanimados. Este animismo vai desaparecendo progressivamente, aqui salienta-se a importância do papel do adulto, na medida que, a partir, sensivelmente dos cinco anos, não deve reforçar, mas sim atenuar o animismo.
    Realismo - A realidade é construído pela criança. Se no animismo ela dá vida às coisas, no realismo dá corpo, isto é, materializa as suas fantasias. Se sonhou que o lobo está no corredor, pode ter medo de sair do quarto.
    Finalismo - Existe uma relação entre o finalismo e a causalidade. A criança ao olhar o mundo tenta explicar o que vê, ela diz que se as coisas existem têm de ter uma finalidade, no entanto, esta ainda é muito egocêntrica. Tudo o que existe, existe para o bem essencial dela própria. Também aqui o adulto reforça o finalismo. Vai diminuindo progressivamente ao longo do estádio, apesar de persistir mais tempo que o animismo, devido às atitudes  e respostas que os adultos dão às crianças.
Com o decorrer do tempo, os pais terão de ensinar, à criança, novos conceitos, de modo  que  futuramente ela não tenha dificuldade em aprendê-los.
    Artificialismo - É a explicação de fenómenos naturais como se fossem produzidos pelos seres humanos para lhes servir como todos os outros objectos: o Sol foi aceso por um fósforo gigante; a praia tem areia para nós brincarmos.

   Piaget, considerou a irreversibilidade uma das características mais presentes no pensamento da criança pré-operatória, para melhor entendermos este ponto, tomemos em conta a seguinte experiência:
   Piaget questionou uma criança de quatro anos : "Tens uma irmã? Sim, e a tua irmã tem uma irmã? Não, ela não tem uma irmã, eu sou a minha irmã". Através das respostas dadas pela criança Piaget apercebeu-se da grande dificuldade que estas têm em compreender a reversibilidade das relações. No seu entender, a criança não tem mobilidade suficiente para compreender que quando uma determinada acção já está realizada podemos voltar atrás. Desta forma,  podemos dizer que as estruturas mentais neste estádio são amplamente intuitivas, livres e altamente imaginativas.
   Para concluir a abordagem a este estádio é importante referir que a criança ao contactar com o meio de forma activa está a favorecer a sua aprendizagem de uma forma criativa e original.
   Este estádio é fundamental pois a criança aprende de forma rápida e flexível, inicia-se o pensamento simbólico, em que as ideias dão lugar á experiência concreta. As crianças conseguem já partilhar socialmente as aprendizagens fruto do desenvolvimento e da sua comunicação.

Estádio das operações concretas (7 - 12 anos)
    Para Piaget é neste estádio que se reorganiza verdadeiramente o pensamento. Como já referi no estádio anterior as crianças são sonhadoras, muito imaginativas e criativas. É a partir deste estádio (operações concretas) que começam a ver o mundo com mais realismo, deixam de confundir o real com a fantasia. É neste estádio que a criança adquire a capacidade de realizar operações. Podemos definir operação como a acção interiorizada - realizada no pensamento, componivel - composta por várias acções; reversível - pode voltar ao ponto de partida. A criança já consegue realizar operações, no entanto, precisa de realidade concreta para realizar as mesmas, ou seja, tem que ter a noção da realidade concreta para que seja possível à criança efectuar as operações.
   Para compreendermos qual o aspecto fundamental do período que estamos a analisar, voltamos a referir a experiência dos copos de água. Se no estádio anterior a criança não conseguia perceber que a quantidade era a mesma independentemente do formato do copo, neste estádio elas já percebem que a quantidade (volume) do líquido é a mesma, pois já compreendem a noção de volume, bem como peso, espaço, tempo, classificação e operações numéricas.
Espaço - organiza-se pela organização diferenciada dos vários espaços. A criança vai conhecendo os vários espaços nos quais interage, organizando-os. Também aqui está presente a reversibilidade do real, onde o conceito de espaço está relacionado com o conceito de operação. O espaço isolado por si só não existe.
Tempo -  não há reversibilidade do real, o tempo existe apenas no nosso pensamento, os acontecimentos sucedem-se num determinado espaço, e o tempo vai  agrupando-os.
Peso - para que a criança domine este conceito é fundamental que compare diversos objectivos para os poder diferenciar.
Classificação - primeiro a criança tem que agrupar os objectos pela sua classe e tamanho, depois os classificar e consequentemente adquirir conceitos.
Operações numéricas - primeiro a criança aprende o conceito de número e seriação, por volta dos sete anos, depois a classificação da realidade, mas essa classificação vai variando conforme a aprendizagem que ela vai fazendo ao longo do tempo.
   Apesar de neste estádio a criança já conseguir efectuar operações correctamente, precisa ainda de estar em contacto com a realidade, por isso o seu pensamento é descritivo e intuitivo /parte do particular para o geral). Ao longo deste período já não tem dificuldade em distinguir o mundo real da fantasia. A criança já interiorizou algumas regras sociais e morais e, por isso, as cumpre deliberadamente para se proteger. É nesta fase que a criança começa a dar grande valor ao grupo de pares, por exemplo, começa a gostar de sair com os amigos, adquirindo valores tais como a amizade, companheirismo, partilha, etc., começando a aparecer os lideres.
   Progressivamente a criança começa a desenvolver capacidade de se colocar no ponto de vista do outro, descentração cognitiva e social. Nesta fase deixa de existir monólogo passando a haver diálogo interno. O pensamento é cada vez mais estruturado devido ao desenvolvimento da linguagem. A criança tem já mais capacidade de estar concentrada, e algum tempo interessada em realizar determinada tarefa.

Estádio das operações formais (11/12 - 15/16 anos)
    A transição para o estádio das operações formais é bastante evidentes dadas as notáveis diferenças que surgem nas características do pensamento. É no estádio operatório formal que a criança realiza raciocínios abstractos, não recorrendo ao contacto com a realidade. A criança deixa o domínio do concreto para passar às representações abstractas. É nesta fase que a criança desenvolve a sua própria identidade, podendo haver, neste período problemas existências e dúvidas entre o certo e o errado. A criança manifesta outros interesses e ideais que defende segundo os seus próprios valores e naquilo que acredita.
   O adolescente pensa e formula hipóteses, estas capacidades vão permitir-lhe definir conceitos e valores, por exemplo estudar determinada disciplina, como a geometria descritiva e a filosofia. A adolescência é caracterizada por aspectos de egocentrismo cognitivo, pois o adolescente possui a capacidade de resolver os problemas que  por vezes surgem á sua volta.


Como se efectua  a passagem  ao estádio seguinte
   Por vezes, as crianças observam os adultos ou outras crianças mais velhas quando estão a resolver os problemas. Notam que o fazem de uma maneira diferente da sua, por meio de regras que pertencem a outro estádio desenvolvimento e, por isso, sentem-se perdidas. Mas este sentimento, que se deve à disparidade entre elas e os mais velhos na resolução de problemas, tem os seus pontos benéficos. A criança procura então reduzir a distância que a separa das outras, mais velhas e, por isso, aprende novas regras. Se a criança for suficientemente madura imitará o modelo de acção usado pelos mais velhos e, por consequência, iniciará a sua entrada no estádio seguinte. A aprendizagem de conceitos novos e de esquemas de comportamento pode pois ser efectuada socialmente, pela observação de outras pessoas.

Conclusão
    Foi me bastante útil a realização deste trabalho uma vez que me permitiu pensar num tema que apesar de fazer parte da nossa identidade enquanto pessoa que vive em sociedade, nunca tinha sido alvo de investigação e aprofundamento da minha parte.
   Devo realçar que de acordo com a definição de estádios de desenvolvimento apresentada neste trabalho, o crescimento é mais qualitativo do que quantitativo e que se caracteriza por grandes saltos em frente, seguidos por períodos de integração, mais do que por mudanças de grau lineares. A criança geralmente pensa de acordo com o estádio apropriado à sua idade, mas por vezes é capaz de um pensamento próprio do estádio seguinte, pois é a criança que está a evoluir por si sem pressões do exterior.
   Espero ter conseguido alcançar os objectivos a que me propus.
  
Bibliografia
-  Bringuier, J., Conversas com Jean Piaget, Bertrand, Lisboa, 1978.
- Piaget, Jean, Psicologia e Epistemologia, Dom Quixote, Lisboa, 1989.
- Piaget, J., Inhelder, B., A imagem mental na criança, Livraria Civilização, Porto, 1984.
- Sites da Internet:
         Www.piaget.org/
         Www.unige.ch/piaget
         Www.jpiaget.com.br
         Www.sapo.pt/piaget
         Www.oikos.org/piagethom.htm
         Www.edusurfa.pt/piaget     
 Sitografia:
 www.notapositiva.com